Corre o homem,
mas não foge.
Corre para caber no mundo
sem perder o corpo.
Entre palmeiras que vigiam o céu
e nuvens que escrevem presságios em azul,
ele passa.
Um risco vivo no mosaico da cidade.
João Pessoa não corre por medo,
corre por lucidez.
Aqui, o mar é pulmão,
o vento é um médico antigo,
e as ruas ensinam respiração.
Há outros passos, outros suores,
outras urgências silenciosas,
mas ele carrega no peito
uma pressa sem pânico,
um ritmo que não adoece.
Corre.
Não para chegar antes,
mas para chegar inteiro.
E enquanto os outros também correm,
a cidade não persegue
acolhe.
Porque nesta faixa de terra
onde o sol nasce primeiro,
correr é sempre a forma de ficar.

Tem opinião sobre isto?