Mandam os mais elementares princípios da etiqueta e da boa educação que, quando alguém convida para sua casa, deve receber condignamente. Não há nada pior que a memória de uma festa horrível. É uma nódoa que nunca sai. É por isto que é urgente melhorar o Sef.
Isso é exatamente o que está a acontecer hoje com o fenómeno migratório do Brasil para Portugal. Um anfitrião pequeno quer dar festa grande num T0 para convidados ricos e pobres ao mesmo tempo. As chances de correr mal são grandes, mas se tudo der certo, pode ser a Fórmula 1 .
Para resolver a equação e acertar a trajetória, é preciso olhar com atenção e sem rancor os traumas das experiências do passado e aprender com eles, para os evitar no futuro – ao invés de invocar velhos do Restelo.
Os portugueses sempre foram ótimos convidados para ir na festa dos outros e brasileiros sempre foram ótimos a receber
Portugal é, historicamente, um emissor de emigrantes. Para o Brasil, para África e para Europa – não tem experiência em receber. Já o Brasil sempre foi um recetor; da Europa, do Japão, de África, do Médio Oriente – não tem experiência em ser recebido.
Os portugueses sempre foram ótimos convidados para ir na festa dos outros e brasileiros sempre foram ótimos a receber. Mas desta vez a história montou o banquete ao contrário.
Portugal precisa urgentemente de fazer a sua parte antes que um destes pequenos episódios se torne num problema sistémico. Não pode ter 50 pessoas no call center do SEF quando tem um milhão de convidados em casa. Precisa de um sistema de renovação automática de vistos e de outro especial de marcação para cônjuges. Hoje o funil está entupido.
O Brasil precisa de ter um pouco mais de paciência com o mordomo português – ele ainda está a estagiar. Mas o lugar da festa de hoje, mesmo que pareça um pouquinho desorganizado e às vezes lento a olhos brasileiros, ele é muito desejado.
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