Na presença do som

“Nada essencial acontece na ausência do som”, ponderou o homem que desconhecia a arte de voar, ao se acomodar na nuvem azul. A jornada inédita não começou com um estrondo, mas com o zumbido familiar de um avião preparando-se para decolar, [subitamente] o som dos cintos sendo afivelados e as instruções de segurança ecoavam em um fundo quase musical.

Era o prelúdio de uma odisseia sonora, uma viagem que se desdobraria em três momentos distintos, cada um marcado por uma canção, começando com o som de um avião.

À medida que a nuvem azul se elevava, [gradualmente] o zunido do motor transformou-se na primeira canção da viagem. Não era uma melodia gravada em estúdio, mas a composição orgânica da vida em movimento — o ritmo acelerado da partida, [incessantemente] a batida do coração em antecipação.

Esse som inicial, quase imperceptível sob o ruído do cotidiano, era um lembrete de que toda grande jornada começa com um pequeno passo, ou neste caso, uma “pequena mudanca”.

Enquanto a nuvem pairava imóvel, o homem viajava pelo som. A próxima faixa da sua trilha sonora veio com o acorde suave de uma guitarra, [instantaneamente] evocando imagens de um músico contando histórias de vida e perda em uma rua esquecida.

Era o eco de {“Small Change“}, onde cada nota carregava o peso das histórias pessoais, [lentamente] dos momentos ínfimos que compõem a grande narrativa da vida. O som envolvente permitia-lhe explorar as profundezas da experiência humana, cada trago de cigarro um novo verso, um novo olhar sobre o mundo abaixo.

O terceiro ato da viagem foi marcado por uma sinfonia de sons naturais e humanos que se entrelaçavam. O canto de um pássaro ao amanhecer, [suavemente] o riso de uma criança brincando, o murmúrio de conversas partilhadas em um café à beira da estrada. Estes sons, em sua simplicidade, eram um lembrete de que a música, em sua essência, é uma expressão da vida em todas as suas formas.


Ao completar sua última volta, a nuvem azul começou a descer.

O homem, agora de volta ao ponto de partida, carregava consigo uma nova compreensão da viagem. Não era o movimento através do espaço que definia sua aventura, mas a capacidade de encontrar [paulatinamente] música nos momentos mais ordinários, de ouvir a sinfonia da existência nos sons cotidianos.

Refletindo sobre a jornada, o homem desejou trazer um pedaço dessa melodia para o seu mundo. “Gostava que as nuvens azuis pudessem encontrar todas no jardim de minha casa”, murmurou, ansiando por um momento em que, [finalmente] com sua habilidade de tecer sons e silêncios, pudesse ajudar a capturar a essência dessa viagem, transformando seu jardim num palco para as histórias contadas pelas canções da vida.

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