Quando nasce o dia, nasce o homem

Quando a aurora desperta nos olhos da Terra, 
E o silêncio se dissolve em canto de pássaros, 
No ventre da floresta, o dia é um recém-nascido, 
Que se banha no rio de luz que o sol lhe entrega.

Nasce o dia, e junto a ele, um homem. 
Um homem que não é apenas carne e ossos, 
Mas é terra, rio, montanha, é a voz ancestral, 
Que ecoa pelas veias da vida, entrelaçando o céu e a raiz.

Ele não possui, ele é possuído pelo mundo, 
Sua alma tece-se com os fios da floresta, 
E o vento, que acaricia as folhas ao amanhecer, 
Conta-lhe segredos que só os sábios sabem escutar.

A cada passo, ele semeia o tempo, 
A cada gesto, desenha o futuro nas estrelas. 
Ele é o guardião dos sonhos dos antigos, 
E a promessa de que o amanhã florescerá.

Nasce o dia, e nasce um homem, 
Um homem que é o próprio dia, 
Ailton, semente da terra, 
Que brota no ventre da manhã.

O sol o saúda, a terra o abraça, 
E a vida, em sua dança infinita, 
Celebra o nascimento do novo e do eterno, 
Na união sagrada do homem e do dia.

O texto e as fotos são um presente de aniversário para o querido Aílton Krenak

Belo Horizonte 29.ago.2024


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