Em Óbidos, onde o passado murmura nas pedras e o vento canta enigmas, Francisco e José vagueiam, não como homens, mas como sombras de uma busca maior.
Buscam o Cristo Vendado, uma quimera tecida no entrelaçar das palavras de Saramago e Camões, um labirinto onde a verdade se oculta na neblina das metáforas.
Neste lugar, o tempo é um rio que flui por entre as memórias e as lendas.
Francisco, reflexo de uma pergunta sem resposta, caminha pelas ruelas como quem percorre os versos de Camões, onde os heróis se confundem com os deuses e a realidade se dissolve em mito.
José, a sombra de uma dúvida silenciosa, encontra nas entrelinhas de Saramago o espelho de sua própria alma, onde a cegueira não é da vista, mas do ser.Em Óbidos, as pedras falam em línguas antigas.
Cada passagem, um fragmento de um soneto perdido; cada arco, um capítulo esquecido de uma história nunca contada.
A jornada ia conduzi-los por vielas de pedra, sob arcos que testemunharam séculos. A cada passo, cada som, cada sussurro do vento nas folhas, uma parte do véu se erguia, revelando não a estátua, mas fragmentos de compreensão. As palavras de Saramago ressoavam, não como guia, mas como eco de uma busca maior, mais íntima.
O Cristo Vendado, mais que uma estátua, é o ponto onde os mundos de Saramago e Camões se encontram, um vértice onde a luz e a sombra dançam ao ritmo de uma canção há muito esquecida.
A busca de Francisco e José não é por um objeto, mas por um entendimento, um mergulho nas águas escuras da consciência. Em cada esquina, uma alegoria; em cada alegoria, um reflexo de suas próprias jornadas.
A viagem não leva a um lugar, mas a um estado de ser, onde as palavras de Camões se entrelaçam com as reflexões de Saramago, formando um tecido de significados que apenas o coração pode desvendar.
Sob o céu de Óbidos, onde as estrelas sussurram segredos antigos, Francisco e José continuam a caminhar, não em busca de um destino, mas de uma revelação. A verdade do Cristo Vendado já não é um enigma, um poema escrito nas sombras, ou um verso gravado na luz, é a partida sde uma nova jornada que se lhes desenha na alma.