Maria Sabina sempre fora uma mulher de intuição aguçada, movida por sentimentos profundos e impulsos inexplorados. Havia algo em Istambul, um chamado misterioso que ecoava em seus sonhos, uma melodia sussurrada pelo vento que a atraía com uma força irresistível.
Foi durante uma noite chuvosa que a decisão se solidificou em sua mente. A chuva batia contra as janelas, e ela estava perdida em pensamentos, seu coração pulsando com uma inquietação indefinida. Ela pensou em António João, na maneira como seus caminhos se cruzaram e se desviaram, na complexidade de um amor que parecia tanto destino quanto enigma.
A imagem de Istambul começou a se formar em sua mente, uma tapeçaria de cores e sons, mercados e mesquitas, o Bósforo e suas margens. Era como se a cidade estivesse chamando-a, sussurrando seu nome através das milhas e do tempo.
Ela se viu andando pelas ruas de Balat, perdida e encontrada nas cores vibrantes e na arquitetura deslumbrante. Viu-se à beira do Bósforo, o sol poente pintando o céu com tons de fogo. Viu-se em Istambul, não como turista, mas como parte de algo maior, algo que a aguardava.
No dia seguinte, ela reservou sua passagem. Não havia hesitação, apenas a certeza de um chamado que ela não podia ignorar. Ela sabia que tinha que ir, sabia que Istambul tinha algo a lhe dizer, algo a lhe mostrar. Talvez fosse uma resposta, talvez uma nova pergunta. Mas ela sabia que tinha que estar lá.
Na chuva que bate na janela, vê-se o ritmo persistente da vida, uma dança constante de natureza e emoção, uma canção que nos fala se soubermos ouvir.
A decisão de Maria Sabina é um reflexo de um estado de espírito, uma compreensão profunda de si mesma e de seu destino. Ela se move em direção a Istambul não apenas em busca de António João, mas em busca de algo dentro de si mesma, algo que só pode ser encontrado nas ruas e becos da cidade mágica. A jornada apenas começou, e o destino aguarda, oculto nas sombras e nas luzes de Istambul.
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