No coração palpitante de Istambul, sob um sol de cobre que vertia calor sobre as pedras ancestrais da cidade, o Grande Bazar fervilhava, tapeçaria de humanidade tecida com fios coloridos de vozes, risos, negociações e promessas de vendedores. Por entre o enredo de corpos em movimento, o perfume de especiarias dançava no ar, uma melodia olfativa de cardamomo, canela e noz-moscada, com acordes mais intensos de cominho e cravo.
A luz solar, filtrada pelos arcos abobadados, derramava-se sobre o mosaico de mercadorias expostas, fazendo as cerâmicas pintadas à mão parecerem cintilar com vida própria, e os tecidos bordados dos tapetes brilharem com um fogo silencioso. O ouro e a prata das joias pareciam sussurrar histórias de tempos esquecidos, atrativos brilhantes para os olhos ávidos dos passantes.
Porém, nessa tapeçaria multicolorida de sons, aromas e movimentos, um fio dissonante se fez ouvir. Não um grito, mas um eco estridente que rompeu a trama harmoniosa do bazar, como uma pedra lançada num lago calmo. Um som que, por um breve instante, fez o tempo tropeçar no seu próprio ritmo, como se o universo inteiro prendesse a respiração.
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