Nas montanhas enevoadas do Cáucaso, onde o vento cantava histórias antigas e as florestas guardavam segredos, havia uma aldeia chamada Azaran. Ali, as noites eram longas e sussurros de lendas ecoavam pelas ruas estreitas. A mais famosa dessas lendas era a de “Sibon Sucfe”, a Meia Noiva.
Diziam os mais velhos que, há muito tempo, uma jovem chamada Leyla vivia na aldeia. Ela era conhecida por sua beleza inigualável e um sorriso capaz de aquecer até os corações mais frios. Estava prometida a Jamal, um jovem caçador de olhos ardentes e promessas sinceras. Eles eram a esperança da aldeia, um amor tão puro que parecia destinado a mudar o destino de todos.
Na véspera de seu casamento, Leyla desapareceu misteriosamente. Jamal e os aldeões a procuraram por dias, mas ela havia se dissolvido nas sombras da floresta. As pessoas começaram a dizer que ela fora levada pelos espíritos da montanha, aqueles que invejavam os vivos e desejavam roubar suas alegrias.
Passaram-se anos e a história de Leyla se tornou um murmúrio na memória da aldeia. Até que uma noite, um viajante cansado que passava por Azaran contou sobre uma figura estranha que vira ao longe, no topo da montanha, com um véu branco esvoaçante e um olhar perdido. Ela estava vestida como uma noiva, mas apenas metade do corpo se refletia na luz da lua, como se fosse feita de sombras.
Os aldeões chamaram essa figura de “Sibon Sucfe” – o eco da alma perdida. Leyla, ou o que restava dela, estava presa entre os mundos, uma metade em busca de sua completude. Sua voz podia ser ouvida nas noites de vento, chamando por Jamal em um lamento de saudade e dor. “Sibon sucfe… Jamal, minha metade…”
Dizem que aqueles que têm coragem de subir a montanha e ouvir seu chamado sentem um frio gelado e um amor inacabado que atravessa o coração como uma flecha. Leyla ainda esperava, e sua presença lembrava a aldeia de que a alma separada jamais encontra paz até que sua outra metade responda ao chamado.
Assim, a lenda de Sibon Sucfe tornou-se um aviso: que o amor, por mais poderoso que seja, pode ser despedaçado pelo destino, mas seu eco, como o chamado de Leyla, vive para sempre, ressoando nas montanhas, buscando, desejando, esperando.
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