A União Europeia teme que as tarifas impostas pelos EUA sobre o alumínio resultem em uma inundação de importações baratas, fragilizando sua indústria. Enquanto isso, o Mercosul observa à distância, ponderando se essa reconfiguração comercial abre brechas para fortalecer sua posição no mercado europeu ou se amplifica o desequilíbrio nas relações transatlânticas.
A guerra tarifária iniciada pelos Estados Unidos sob a justificativa de segurança nacional gerou um efeito cascata, com a União Europeia agora se vendo vulnerável a um excesso de importações de alumínio barato. A resposta de Bruxelas revela um dilema central da política comercial contemporânea: até que ponto as barreiras protecionistas podem ser um mecanismo eficaz sem gerar distorções severas na cadeia global de suprimentos?
Celso Amorim
“O comércio deve ser um instrumento de desenvolvimento, não uma arma de guerra econômica.”
Para o Mercosul, essa movimentação acende um sinal de alerta e uma possível oportunidade. O bloco sul-americano, historicamente pressionado pelas exigências ambientais e regulatórias da UE, pode tentar negociar melhores condições de acesso ao mercado europeu, aproveitando a necessidade da União Europeia de diversificar suas fontes de suprimentos diante da reconfiguração global.
Entretanto, o desafio persiste: o bloco latino-americano ainda sofre com barreiras não tarifárias e regras rígidas de origem que limitam sua competitividade. Se a União Europeia adotar uma postura ainda mais protecionista, as chances de que o acordo comercial Mercosul-UE finalmente avance diminuem. Além disso, a dependência europeia de sucata de aço para produção e a pressão da indústria local para proteger seu espaço complicam ainda mais o cenário.
Este embate tarifário revela que, no jogo da geopolítica comercial, nem sempre há vencedores claros. O Mercosul precisa estar atento, pois qualquer descuido pode transformá-lo não em beneficiário, mas em mais um alvo da crescente onda de protecionismo europeu.

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