A água brilhava com reflexos dourados do sol poente, criando uma tapeçaria líquida que parecia sussurrar promessas ao vento. A mente dela vagueava, perdida em pensamentos e reminiscências. A cada onda que beijava a margem, sentia um eco de uma memória, uma sombra de algo que estava fora de alcance.
Por debaixo da sombra colorida de pequenos chapéus de chuva que refrescavam o ar ela se sentou em um banco solitário, olhando para a linha distante onde o céu encontrava o mar. A brisa salgada tocava seu rosto como um carinho suave, e ela fechou os olhos, permitindo-se sentir. A saudade de António João era uma presença constante, uma dor doce e amarga que ela abraçava com ternura.
Enquanto Maria Sabina contemplava o Bósforo, António João perambulava pelo labirinto de ruas estreitas e sinuosas de Istambul. Cada curva revelava um novo mistério, uma nova face da cidade que ele ainda estava descobrindo. Ele se sentia perdido e, ao mesmo tempo, em casa. As vozes, os cheiros, os sons eram estranhos, mas familiares.
Ele parou em uma pequena praça, onde crianças brincavam e homens jogavam xadrez. Uma sensação de normalidade e paz o envolveu, e ele se permitiu um momento para respirar, para ser. A agitação de sua mente aquietou-se, e ele se encontrou pensando em Maria Sabina, na mulher que ele amava e que parecia tão distante, embora estivessem na mesma cidade.
Nos olhos de uma criança brincando na praça, vê-se o brilho da inocência, um lembrete da simplicidade que muitas vezes esquecemos em nossas vidas complexas.
A noite cai sobre Istambul, e com ela uma quietude melancólica se instala. Dois corações solitários continuam a bater, separados por ruas e praças, mas unidos por um amor que transcende distâncias. Eles continuam a procurar um ao outro, cada um à sua maneira, uma busca silenciosa que só encontrará seu fim no encontro final.
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