Domingo há noite

Estou aqui, olhando para baixo, mas não é o chão que vejo. É como se, ao olhar para esse pequeno espaço abaixo dos meus pés, eu pudesse, de alguma forma, vislumbrar todo o cosmos e as possibilidades que o amanhã pode trazer. Há uma quietude nesse momento, uma espécie de silêncio que não é ausência de som, mas plenitude de significado.

Porque finalmente me sinto à beira de algo grande, algo que tem o poder de mudar a minha vida.

A caneta pesa em minha mão, não pelo seu peso físico, mas pelo peso das palavras que ainda não foram escritas. A página vaga é tanto um convite quanto uma chaga. Ela diz: “Vai em frente, preenche-me com teus pensamentos, teus sonhos, teus medos.” Mas também me adverte: “Escolha bem, pois uma vez escritas, todas as palavras ganham vida delas.”

Acredito que todos nós temos a capacidade de moldar o futuro, mesmo que seja apenas o nosso próprio futuro. Mas como condensar essa complexidade toda em versos? Como capturar a essência desse instante de introspecção e projetá-lo para o amanhã? Sinto perto essa urgência.


No fundo, sei que o poema que quero escrever é mais do que um conjunto de linhas e de estrofes. É uma declaração, uma cartografia e um vislumbre. E por mais que eu tente, sei que não vou ver totalmente esse momento nem essa sensação. Mas estou disposto a tentar e nessa tentativa, talvez eu consiga não só entender o futuro, mas aquela parte mim mesmo que me perde.


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