O amor é tudo o que há,
E mesmo assim levaram-te de mim.
Três meses e meio sem ver-te,
Como se a vida pudesse ser coisa,
Como se tu fosses mais de alguém
Que do vento que te faz respirar.
Não, não és de ninguém!
Nem meu, nem de quem te quis roubar,
És de ti, como o mar é do horizonte,
Como o céu é de quem o olha.
Afinal, o amor não prende,
Solta como um grito,
Voa como o que não tem nome.
E eu, aqui, pai de nada,
Pai de um sonho que era só meu.
Sofro, mas não por ti,
Sofro porque me disseram que eras posse,
Que se pode roubar um coração
Como se rouba o fôlego a quem o toma.
Mas o amor, se é, não se toca.
Dói porque é livre.
O que és não é meu,
Nem dela, nem de quem sonha prender-te.
Tu és tu, inteiro,
Mais vasto do que sonha quem te quer pequeno.
Eu? Eu só sou quem vê de perto,
Sofrendo a tua liberdade,
Amando-te no único modo possível:
Protegendo o ser que és.
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