Acabar com o programa golden visa é uma ideia tão má que só é ultrapassada pelo facto de ser dita em voz alta. A sorte é que o nosso primeiro-ministro, com certeza não estava a falar a sério.
Dizer o que nos ocorre é sempre mau, e isso foi o que provavelmente aconteceu a António Costa, depois de duas horas visitando o Web Summit na companhia de uma das maiores estrelas do ecossistema pop das startups mundiais.
Talvez a confusão e o cansaço tenham tido o efeito secundário de fazer com que o nosso PM, sem qualquer lógica económica, alvitrasse a possibilidade do “fim do golden visa“, depois de questionado sobre o regime fiscal especial “nómadas digitais”.
“O mundo hiperconectado transformou a língua, o talento e a capacidade de investir“
Senhor primeiro-ministro, o que o nosso país precisa mesmo é de investidores sedentários, não é de nómadas digitais. Eles são inteligentes e muito bem-vindos, mas verdadeiramente nada de relevante acrescentam à nossa pobre economia.
São mais turistas que outra coisa. Vêm, ficam uns tempos – é verdade que até gastam o que lhes chega de outros países nos restaurantes de Lisboa e do Porto – mas, como o próprio nome indica, são nómadas, e os nómadas, quando se cansam, desamarram o camelo e vão-se embora sem dar qualquer explicação. Melhor conhecer algum.
Senhor primeiro-ministro, uma das questões centrais no mundo de hoje é a mobilidade global e o acesso a múltiplas cidadanias. O mundo hiperconectado transformou a língua, o talento e a capacidade de investir em fatores tão ou mais agregadores que o país onde se nasceu.
Dizer que considera acabar com uma das políticas que colocou Portugal no centro dos fóruns de investimento internacionais é uma ideia tão má que precisa ser desmentida. Se não o fizermos depressa, ainda alguém acredita.
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