Agora foi Neymar Jr. A estratégia da Arábia Saudita para o futebol levanta sérias preocupações. Enquanto alguns constroem um sistema de formação sólido, focado em desenvolver talentos desde a base, a abordagem saudita centra-se em comprar talentos por meio de um fluxo ininterrupto de petrodólares, pouco escrutinados e opacos.
Enquanto Portugal e o Brasil, entre outros, viram os seus jovens jogadores emergirem em academias locais e clubes, os Sauditas optaram por minar a concorrência global, atraindo estrelas já consolidadas — e cada vez mais jovens — de outras partes do mundo.
Comprar sucesso instantâneo nas competições, em vez de investir em infraestruturas desportivas, formação e desenvolvimento sustentável a longo prazo, é o que eles estão fazendo; melhorando a sua imagem enquanto minam a oportunidade para talentos locais crescerem e prosperarem.
Ao destilarem dinheiro sem escrutínio, os sauditas estão a gerar uma cultura que enfraquece a motivação de outros em investir na formação de jogadores e infraestruturas. Isso não é apenas prejudicial para a competitividade global, mas também perpetua a dependência de estrangeiros e de dinheiro.
Enquanto Portugal celebra a sua tradição de formação de jogadores, a abordagem saudita gera inquietação quanto ao verdadeiro valor e significado que o futebol deve ter para as nações e para o mundo.
Porque este sucesso conseguido “à pressão” não atinge só o futebol, o espírito desportivo, o desenvolvimento de talentos e a competição justa que a formação de base sólida proporciona: ela atinge e corrompe todo o sistema social das democracias.
Até podemos ficar rindo dos memes nas redes sociais, mas quando os nossos filhos saírem à rua com a camisola do Al Nasr em vez da do Sporting, não vamos achar piada nenhuma. Mas aí já vai ser tarde.
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