Nas ruas que falam sem voz,
nos muros que guardam segredos,
Ulpiano vê mais que pedra e pó,
escuta ecos de tempos vividos.
Cidade que é forma, que é imagem,
traço no mapa, sonho no chão,
olhar de Ulpiano, é passagem
entre história, memória e visão.
Não são só ruas, não são só praças,
são campos de força a pulsar,
onde passado e futuro se enlaçam
no traço visível do olhar.
Imagens que moldam sentidos,
cultura que pulsa e se faz,
tu lês nos vestígios perdidos
as marcas que o tempo te traz.
Em silêncio, sem pena de olhar,
ensinas um sentido humano,
onde a cidade pode morar.
És poeta e sábio, Ulpiano.

Ultopia não é apenas um lugar, mas um organismo vivo, onde a cidade se faz e se refaz a cada olhar. É a utopia urbana segundo Ulpiano, um espaço onde a história não é estática, mas pulsante, e as ruas são narrativas em constante escrita.
A cidade Ultopia não é um conjunto de edifícios erguidos sobre o esquecimento, mas uma trama de forças sociais, símbolos e memórias que interagem em cada esquina. Não há bairros isolados do passado, nem praças que não guardam histórias. Tudo é tecido num grande palimpsesto, onde o tempo não apaga, apenas ressignifica.
Os Princípios de Ultopia
1. Cidade como forma – A arquitetura não aprisiona, mas conduz; não impõe, mas dialoga. A cidade cresce organicamente, guiada pelas necessidades e desejos de seus habitantes, respeitando a paisagem e o traço original de sua identidade.
2. Cidade como imagem – Cada fachada, cada rua, cada espaço público conta uma história. O visual da cidade não é uma mera estética, mas um espelho da sociedade, um convite à reflexão e à descoberta.
3. Cidade como força social – Não é o concreto que sustenta Ultopia, mas suas relações. Aqui, a cidade não serve ao capital nem ao individualismo desenfreado, mas sim à comunidade, ao encontro, ao bem-estar comum.
Ultopia é esse lugar onde o urbano e o humano coexistem em equilíbrio. Não se trata de uma cidade perfeita, mas de uma cidade que pensa – e que permite ser pensada.
Ulpiano Toledo Bezerra de Meneses, historiador e museólogo brasileiro, que dedicou parte de suas pesquisas à compreensão da cidade como forma, imagem e força social.
Embora não haja um texto específico com esse título exato, essas temáticas são recorrentes em suas obras.
Em “A cidade como bem cultural”, Meneses aborda a cidade em três dimensões: como artefato (forma física), campo de forças ( sociais) e representações (imagens e percepções). Ele destaca que a cidade não é apenas um conjunto de edificações, mas também um espaço onde interagem diversas forças sociais, políticas e culturais, refletindo e influenciando a sociedade que a constrói e habita.
Em “Fontes visuais, cultura visual, história visual: balanço provisório, propostas cautelares”, ele discute a importância da visualidade na vida social e nos processos históricos, enfatizando como as imagens e a cultura visual contribuem para a construção e interpretação das cidades.
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