Se para os portugueses – povo que tanto se precisa para mitigar uma incurável doença demográfica – a cidadania é obrigatória, para os brasileiros, Portugal surge – pela primeira vez na sua história – como um lugar mítico, uma terra prometida e uma nova casa se morada de família.
Somando “estrangeiros” residentes e brasileiros com cidadania europeia, estima-se que em Portugal vivam hoje cerca de 700 mil almas falantes da língua de Amado, Farias, Machado, Veloso, Lispector e outros tantos que, no português do Brasil, tornam ímpar a nossa cultura no panorama universal.
Entrada da estação da Luz em São Paulo dia 31 de julho de 2021 o dia da reinauguração museu da língua portuguesa
Hoje recebemos aqui muitos brasileiros prontos a fazer parte da nossa sociedade e capazes de enriquecer os nossos ecossistemas cultural, social e económico. Para um país tão pequeno e tão necessitado de gente, é impossível ignorar uma comunidade tão generosa e não lhe dispensar os cuidados de reconhecimento e integração que ela precisa.
Algumas entidades – como por exemplo a Associação Portugal Brasil 200 anos – surgem em consequência deste novo contexto e são essenciais para conceber e construir alianças entre a cultura portuguesa e a brasileira. São uma força de achamento.
Projetos culturais, como “200 anos, 200 livros”, ou “Perguntas sobre o Brasil” – os dois elaborados em parceria com instituições portuguesas e brasileiras – dimensionam o papel da cultura brasileira no contexto global da língua portuguesa e são construtores de pontes efetivas entre as comunidades brasileira e portuguesa que, cada vez mais, vivem e criam em desmaterializada diáspora.
Utilizando a língua, a cultura e a história comuns, estes projetos são instrumentos de uma cidadania da língua. Uma nova condição que ultrapassa pactos e fronteiras e que define um novo estatuto que une para além daquilo que já existe. Uma cidadania que transcende.
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