Porque ainda nao é possivel ter uma mulher negra no STF?


“A justiça é cega, mas seus olhos deveriam refletir a diversidade de quem busca seu amparo.”

A frase poderia ser o lema da luta incessante das mulheres negras e indígenas para se fazerem presentes nas esferas mais elevadas do judiciário brasileiro, um lugar onde sua ausência é tanto um reflexo de desigualdades históricas quanto um desafio contemporâneo.

Em meio a esta realidade, emerge uma questão crucial: por que, até hoje, nenhuma mulher não branca ascendeu ao Supremo Tribunal Federal do Brasil?

Os dados são reveladores e, ao mesmo tempo, alarmantes. Apenas 18% dos magistrados brasileiros não são brancos, e destes, meros 6% são mulheres. Em cortes superiores, a representatividade é ainda mais baixa: 1,3% se declaram pretos.

Estes números não são apenas estatísticas; são o espelho de um sistema que, apesar de suas promessas de igualdade, ainda se inclina fortemente em favor de uma demografia específica: homens brancos.

Mas por que persiste essa disparidade? Em um país onde as mulheres negras representam uma parcela significativa da população, o obstáculo inicial é muitas vezes a educação.

Com taxas de analfabetismo que superam o dobro das mulheres brancas, as mulheres negras enfrentam uma batalha árdua desde os primeiros degraus da escada educacional. Além disso, enfrentam preconceitos e estereótipos arraigados, com sua competência e aparência constantemente sob escrutínio.

No entanto, há algo mais profundo em jogo. As histórias de mulheres negras que romperam barreiras no judiciário falam não apenas de superação individual, mas de uma luta coletiva contra um racismo estrutural e institucional que permeia as esferas de poder.

Elas enfrentam um mundo que frequentemente questiona seu lugar e sua autoridade, um mundo que ainda hesita em aceitar a plenitude de suas identidades e capacidades.

Mas há esperança e movimento. Iniciativas como a Abayomi – Juristas Negras são faróis de mudança, lutando por um espaço mais inclusivo e representativo no mundo jurídico. Esses esforços não são apenas a busca por equidade; são a busca por um sistema de justiça que realmente compreenda e reflita as nuances e as realidades de todos os brasileiros.

A nomeação de uma mulher negra para o STF não seria apenas um marco histórico; seria um passo essencial para a construção de um judiciário verdadeiramente representativo e, por extensão, de uma sociedade mais justa.

Afinal, como bem disse Guimarães Rosa, “o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.” E nesta travessia rumo à justiça e igualdade, cada passo conta.

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