A proibição dos tuk-tuks no centro histórico do Porto não é apenas uma medida administrativa – é um gesto de dignidade urbana. Depois de anos a tolerar o zumbido turístico, o excesso de ruído e a desfiguração dos sons naturais da cidade, o Porto teve a coragem de dizer basta.
Proibir os tuk-tuks não é ser contra o turismo. É ser a favor da cidade. As cidades não podem ser tratadas como produto.
A multiplicação dos tuk-tuks nos centros urbanos portugueses tornou-se uma espécie de caricatura do progresso: veículos sem enquadramento paisagístico nem regulamentação sonora, conduzidos muitas vezes por motoristas sem qualquer formação cultural, transformaram as zonas históricas em pistas de ruído, onde o passado se dissolve sob o barulho de altifalantes a anunciar paragens pitorescas. E o Porto, cidade que guarda nas pedras o peso do tempo, viu-se cercado por esse folclore mecanizado que não respeita nem o silêncio da Sé, nem a solidão do Douro ao entardecer.
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