Há vidas que não chegam a existir. Que são interrompidas antes de começar — não por doenças ou acidentes, mas por decisões políticas tomadas a milhares de quilometros de onde nascem os sonhos.
É isso que a nova política de vistos estudantis do governo Trump representa: o veto silencioso a futuros inteiros.
Ao transformar a universidade em território militarizado, o governo estadunidense não protege a liberdade: sabota a própria inteligência.
A notícia do FT fala de segurança, triagem, controle, mas o que ela não mostra é a ausência. Não mostra o estudante que nunca atravessará o oceano, que não se sentará em sala nenhuma, que não debaterá, que não publicará.
A jovem brasileira que sonhava com Harvard. O filho de uma professora em Bogotá que conquistou uma bolsa. A cientista brilhante de Lagos que agora será barrada por causa de um post antigo nas redes.
Eles não aparecem na notícia. São estatísticas invisíveis. Mas sua ausência é o que molda o mundo.
Quando um país escolhe fechar suas portas a quem deseja aprender, não está apenas se protegendo. Está declarando guerra ao futuro. A universidade é, por natureza, um lugar de encontro entre diferenças. Ao transformá-la em território militarizado, o governo estadunidense não protege a liberdade: sabota a própria inteligência.
A tragédia está em que não saberemos o que esses estudantes poderiam ter sido. Só saberemos o que o mundo perde sem eles.

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