A vida corre mal a Elon Musk. A última sondagem caseira que fez no Twitter deixou-o sem abrigo. 57% dos votantes decidiram que o CEO da Tesla se afaste da liderança da rede social do passarinho. É a democracia, estúpido.

Importa recuar dois anos. Com o mundo fechado em casa e sem nada para fazer por causa da covid o #homem-que-há-de-ir-a-Marte nem-que-seja-a-última-coisa-que-ele-faça decidiu utilizar a sua conta do Twitter para criar um culto de personalidade em volta de ele próprio.

“Até é possível que Elon ignore o cartão vermelho dos clientes Twitter“

Em mais de 8000 tweets, desde o princípio de 2021, (mais de dez por dia) o magnata manipulou mercados não regulados de criptomoedas, fazendo subir e descer o preço de ações de empresas das quais é parcialmente dono e gestor.

Musk divertia-se como um deus em ato criador. Durante a pandemia milhões de pessoas seguiram-lhe cada frase e cada silêncio, enquanto Dogecoin, Shiba Inu, Bitcoin e até a sua própria Tesla se valorizavam e desvalorizavam consoante os humores do CEO.

Mas a maré mudou. O inverno financeiro tem afetado os mercados cripto e tecnológico de forma implacável e todos perdem muito dinheiro. Por causa disso, enquanto as carteiras de ativos dos seguidores do sr. SpaceX ficam mais leves, a sua reputação é cada vez mais baixa.

Até é possível que Elon ignore o cartão vermelho dos clientes Twitter, desprezando o seu próprio “processo democrático“. Dizer que só sai se “encontrar alguém louco o suficiente para aceitar o trabalho” lembra o vocalista dos Ena Pá 2000 jurar que só se demite se for eleito.

Musk tuíta e a caravana passa. Bernard Arnault já é o mais rico do planeta. O discreto dono de marcas de luxo sabe que a vaidade é inimiga dos negócios e que a longo prazo é muito mais lucrativo ficar calado. A reputação é como a água benta, cada um toma a que sabe.