Em uma floresta onde tempo parecia se dobrar sobre si mesmo e árvores eram esculturas em movimento, uma coruja de olhos como luas e um beija-flor com asas de cristal encontraram-se sob o céu onde sol e lua dançavam juntos.
O espaço ao redor deles era preenchido por cores que pulsavam como corações vivos, ar estava saturado com perfume das flores que sussurravam segredos antigos.
A coruja, guardiã das estrelas, movia-se com gravidade de quem conhece universos o beija-flor, mensageiro dos sonhos, voava com velocidade do pensamento. Seus mundos raramente se tocavam, mas naquela noite, uma força estranha uniu-os.
“Boa noite, viajante do dia,” saudou a coruja sua voz ressoava como eco numa caverna de cristal. “O que traz você ao reino das sombras?”
O beija-flor, olhos refletindo constelações, respondeu: “Estou em busca de algo que não sei nomear. Talvez a noite tenha respostas para o que procuro.”
“Então venha,” disse a coruja as asas abrindo-se como portais. “Vamos compartilhar um café e explorar esse desconhecido juntos.”
Voaram até um café flutuante, suspenso no ar por correntes de música invisível. As mesas eram feitas de nuvens sólidas os assentos eram pássaros gigantes que cochilavam.
Pediram dois cafés: um infundido com essência das estrelas cadentes outro com néctar das flores dos sonhos.
Enquanto sorviam bebidas o mundo ao redor transformava-se a cada palavra dita. A coruja falou das sombras que cantavam dos mistérios ocultos na escuridão, o beija-flor descreveu sinfonias cromáticas de flores dançando frenéticas na luz. Seus relatos eram pinceladas numa tela viva, criando uma obra de arte efêmera que pulsava com vida de suas experiências.
“Que tal trocarmos papéis?” sugeriu a coruja, olhos brilhando com luz das galáxias. “Eu viverei de dia você explorará a noite como eu.”
“Sim,” respondeu o beija-flor, asas tremulando com expectativa. “Vamos descobrir os segredos que cada um guarda.”
Na manhã seguinte, a coruja despertou com o sol nascente, sentindo intensidade das cores do dia. Tentou voar de flor em flor, presença imponente entre delicados pétalas, maravilhando-se com luz que penetrava penas.
O beija-flor aguardou crepúsculo. Com orientação de coruja, aprendeu mover-se como um fantasma na noite, navegando entre sombras ouvindo histórias que vento noturno contava. Descobriu que escuridão era um universo em si, repleto de vida mistério.
Ao final da jornada, encontraram-se novamente, em ponto onde dia noite se fundiam num crepúsculo eterno. Estavam transformados, almas tocadas pela troca de mundos.
“A experiência foi um sonho vívido,” disse a coruja, olhos agora refletindo luz do dia. “Há tanta beleza naquilo que desconhecemos.”
“E noite,” acrescentou beija-flor, “é um poema que revela apenas quem se atreve a lê-lo.”
Decidiram que tempos em tempos, voltariam trocar de lugar, explorando mistérios infinitos do dia da noite, unidos por uma amizade que transcendeu limites do tempo do espaço. E assim, coruja beija-flor continuaram dançar entre dois mundos, tecendo uma tapeçaria de sonhos realidades surreais.
No auge desta dança celestial, seus corações começaram bater em uníssono. As plumas da coruja tocaram-se delicadamente com as asas do beija-flor, criando uma melodia única. Naquele momento, ambos sentiram uma fusão de almas, um amor que transcendia a compreensão.
A coruja e o beija-flor começaram a se fundir, cada parte do corpo entrelaçando-se em perfeita harmonia. Suas formas dissolveram-se em luz, cores e melodias, unindo dia e noite até serem um só simples e despojado ser de simples luz.
Quando o processo terminou, um ser novo emergiu: um simples coruja beija-flor, com olhos de sabedoria noturna e asas de velocidade diurna.
Carregando o legado de ambos, voou pela floresta, unindo mundos espalhando a essência da união.
A coruja-beija-flor tornou-se símbolo da floresta lembrando a todos que a verdadeira harmonia reside na fusão dos opostos, onde amor e compreensão criam algo melhor que a soma de suas partes.
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