Uma das primeiras coisas que digo aos portugueses que se mudam para o Brasil e aos brasileiros que vão morar em Portugal é para terem cuidado em não fazer assunções baseadas no fato de que nos dois países se fala a mesma língua.
Porque na verdade entre os dois países, quase tudo necessita de tradução, menos “quase” todas as palavras. Um povo fala a cantar, outro a correr; um faz feijoada com feijão preto, outro com vermelho; Em Portugal canta-se o fado, no Brasil se dança Samba. Fala portugal.
Mas felizmente nem todos os brasileiros que chegam a Portugal se sentem vegetarianos num churrasco e nem todos os portugueses consideram os brasileiros desrespeitadores dos seus costumes.
No livro “Se isto é um homem”, Primo Levi atestava: “Uma estranheza sentida perante o que é diferente de nós é comum a todos os seres humanos” e é essa estranheza que sentimos aqui.
“As duas culturas não são água e azeite. É possível e mesmo desejável a sua convivência e fusão, enriquecendo-se uma à outra.”
É necessário que Portugal faça farofa sem bacon, sente o bum bum na privada e fale maluco beleza, ao mesmo tempo, precisa-se que o Brasil entenda que que o interruptor da luz fica muito melhor do lado de fora da sala.
Cabe a Portugal criar políticas de integração cultural para quem chega do outro lado do Atlântico, mas quem chega precisa de ter o espírito e a mente abertas e a consciência necessária para saber contribuir.
As duas culturas não são água e azeite. É possível e mesmo desejável a sua convivência e fusão, enriquecendo-se uma à outra. É assim que as sociedades evoluem, expandido conceitos e ideias, reavaliando-se constantemente em realidades diferentes da sua.
Portugues
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