Autor: JM-Diogo

  • Quando a inteligência artificial substitui o juízo natural

    Quando a inteligência artificial substitui o juízo natural

    O mais perigoso sintoma do nosso tempo não é a estupidez, mas a inteligência automatizada com credencial de genialidade. A sátira publicada pelo Financial Times — trocas de mensagens entre consultores rendidos ao ChatGPT — é uma comédia involuntária sobre o fim do pensamento original entre adultos muito bem pagos. Eles pedem ao robô que…

  • A mulher que conversava com o Tempo

    A mulher que conversava com o Tempo

    Niède Guidon não descobriu um sítio arqueológico. Descobriu o Brasil. Não aquele do hino, das capitais ou das fronteiras oficiais — mas o Brasil mais profundo, anterior ao verbo, ao mapa, à colonização. Um Brasil de fogueiras acesas há 50 milênios, de mãos humanas desenhadas em pedra, de silêncios que contam histórias. Guidon não queria…

  • Quando salvar é mais sujo do que matar

    Quando salvar é mais sujo do que matar

    Em nome da ética, da sustentabilidade, da proteção animal. Mas eis o detalhe: a substituição do couro será feita, na maioria dos casos, por plásticos sintéticos derivados de petróleo. Poucas frases dizem tanto sobre o nosso tempo quanto essa, perdida no final de uma reportagem que pretendia, em tese, noticiar um avanço. Marcas globais de…

  • O custo invisível da nuvem

    O custo invisível da nuvem

    A inteligência artificial promete leveza, mas exige peso. Por trás de cada frase gerada por uma IA, há toneladas de aço, torres de resfriamento, gigawatts de energia e silêncios geopolíticos. A revolução digital que parecia flutuar acima das nossas cabeças assenta, na verdade, sobre alicerces tão físicos quanto uma usina nuclear. E esse é o…

  • É possível salvar o mundo com palavras?

    É possível salvar o mundo com palavras?

    Dan Vanderkam passou quase 20 anos em busca de algo que ninguém pediu. Dedicou 23 mil horas de processamento computacional para descobrir o tabuleiro ideal do jogo Boggle — aquele que contém mais de mil palavras possíveis, sendo replastering a mais longa entre elas. O feito poderia habitar apenas os rodapés da internet, não fosse…

  • Gouveia e Melo para principiantes

    Gouveia e Melo para principiantes

    Henrique Gouveia e Melo é uma das figuras mais emblemáticas da recente vida pública portuguesa, representando um novo arquétipo de liderança nascida da confluência entre o rigor militar, a comunicação eficaz e a ressonância popular. Almirante da Marinha e antigo Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), notabilizou-se como o rosto operacional da campanha de vacinação…

  • O ouro que dorme de olhos abertos

    O ouro que dorme de olhos abertos

    No jornal semanário português Expresso, quase como curiosidade de rodapé, lemos uma notícia surpreendente: o Banco de Portugal tem a 16ª maior reserva de ouro do mundo. Um detalhe. Mas é justamente nele que está o nervo desta história. O país luso que ainda se debate com serviços públicos fragilizados, dívida crónica e salários magros,…

  • O estudante que não chegou a existir

    O estudante que não chegou a existir

    Há vidas que não chegam a existir. Que são interrompidas antes de começar — não por doenças ou acidentes, mas por decisões políticas tomadas a milhares de quilometros de onde nascem os sonhos. É isso que a nova política de vistos estudantis do governo Trump representa: o veto silencioso a futuros inteiros. Ao transformar a…

  • A sombra que ninguém regula

    A sombra que ninguém regula

    Quando a próxima crise vier — e ela virá — não será anunciada por alarmes, nem provocada por bancos falindo em horário comercial. Virá silenciosa, algorítmica, travestida de normalidade, operando nas franjas do sistema. Não será preciso quebrar instituições: bastará não conseguir rastrear quem as move. E, quando procurarmos os culpados, descobriremos que estavam escondidos…